terça-feira, 14 de janeiro de 2014

O inesperado fez uma surpresa




Penso que muitas pessoas já viveram a experiência de se julgar em um mundo irreal inimaginável. Pois bem. Foi o que, maravilhosamente, aconteceu comigo no início do mês de dezembro, de 2013.
Fui visitar minha filha Kassandra no Rio de Janeiro, com a intenção primeira de assistir à apresentação de encerramento de ano do curso de bateria do meu neto João Guilherme e lá permaneci por dez dias.
Afirmo, sem nenhum medo de errar, que foram dias em que tive a nítida impressão de ter entrado em um portal da felicidade, tais foram as surpresas e alegrias que vivi.
Para começar, a cidade tem uma moldura natural que impacta. O perfil do seu relevo, a baía, a lagoa e as pedras! Quantos paredões de pedra que me fazem sentir pequena e frágil, que é o que realmente sou. Referir-se a ela como Maravilhosa, é um eufemismo, por sua beleza natural exuberante.  Andar pelas ruas centrais evoca um tempo que não vivi, mas está ali presente em cada edificação, em cada pedra do revestimento das ruas, em cada monumento, uma parte da história do Brasil. Se essa história orgulha ou envergonha não importa.  Importa, sim, que é a nossa história, a história do meu país e a ela devo reverência pela memória de tantos que ali depositaram seu esforço e dedicação. O lanche na Confeitaria Colombo me embarcou em uma máquina do tempo, ou introduziu-me, definitivamente, no portal a que me referi no início desta história.  Nada poderia negar que aquele ar que por ali circulava não fosse o mesmo respirado por Machado de Assis e tantos outros seres pensantes do final do século XIX, que hoje enriquecem minha bagagem literária.
A privilegiada viagem continuou quando fomos assistir ao concerto de bateria dos bem preparados alunos do professor Kim o qual, sensível, não poderia ter escolhido melhor local para apresentar o talento de seus aprendizes. O Parque das Ruínas, em Santa Teresa.  Minha filha e eu deixamos nosso João, um dos alunos desse dedicado professor, no portão de entrada das ruínas para que ele fizesse os últimos ensaios e fomos caminhar pelo morro. Novamente a sensação clara de que não pisava o chão. A realidade teimava em fugir de debaixo dos meus pés. A elegância da arquitetura das construções, as pedras rústicas que revestem as ruas, a paisagem sem igual apreciada lá de cima fazem até o depósito de sucata servir de moldura para o sonho. Mais ainda o ambiente do barzinho onde bebemos um suco de graviola. No entanto, ao voltarmos para as ruínas é que o grande impacto se deu. Caía a noite e as luzes do parque foram, aos poucos, se acendendo. Sem explicação para tanta beleza, tanto da parte externa, quanto do interior onde se deu o concerto. Parabéns ao meu neto e seus amigos pelo talento e parabéns também para as mentes criativas que transformaram aquele local. Tudo magnífico! Após o evento, já era noite e fomos a Copacabana para jantar. Estava delicioso. Mas o que me chamou a atenção foi a ausência de violência. Caminhávamos pelas ruas, à noite, com total segurança. Uma agradável surpresa.
Em outro momento, numa manhã, estava na praia em companhia dos meus, quando se aproximou um menino pedindo para guardar ali conosco o seu chinelinho. Era quem eu considero um autêntico menino do Rio. Muito simples, pele bem morena, uma bermuda Jeans que lhe caía constantemente dos quadris, uma prancha toda descascada, entrou no mar para se divertir. Era uma criatura tão doce e envolvente que deixou uma marca profunda em mim. É o Breno. Alguém que não permite que as vicissitudes da vida o impeçam de ser feliz.
Por fim, asseguro que meus olhos não teriam visto como vi e meu coração não teria sentido como senti se não fosse a sensibilidade de quem me apresentou tudo isso. Minha amada filha Kassandra, que tem olhos e coração de artista. Muito obrigada a ela, ao Joãozinho e ao Guilherme, meus anfitriões. Detalhes diversos da visita ficaram de fora, mas não acho prudente me alongar demais. Quem sabe, em outra ocasião...



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