Penso que muitas pessoas já viveram a experiência de se
julgar em um mundo irreal inimaginável. Pois bem. Foi o que, maravilhosamente,
aconteceu comigo no início do mês de dezembro, de 2013.
Fui visitar minha filha Kassandra no Rio de Janeiro, com a
intenção primeira de assistir à apresentação de encerramento de ano do curso de
bateria do meu neto João Guilherme e lá permaneci por dez dias.
Afirmo, sem nenhum medo de errar, que foram dias em que tive
a nítida impressão de ter entrado em um portal da felicidade, tais foram as
surpresas e alegrias que vivi.
Para começar, a cidade tem uma moldura natural que impacta.
O perfil do seu relevo, a baía, a lagoa e as pedras! Quantos paredões de pedra
que me fazem sentir pequena e frágil, que é o que realmente sou. Referir-se a
ela como Maravilhosa, é um eufemismo, por sua beleza natural exuberante. Andar pelas ruas centrais evoca um tempo que não
vivi, mas está ali presente em cada edificação, em cada pedra do revestimento
das ruas, em cada monumento, uma parte da história do Brasil. Se essa história
orgulha ou envergonha não importa.
Importa, sim, que é a nossa história, a história do meu país e a ela
devo reverência pela memória de tantos que ali depositaram seu esforço e dedicação.
O lanche na Confeitaria Colombo me embarcou em uma máquina do tempo, ou
introduziu-me, definitivamente, no portal a que me referi no início desta
história. Nada poderia negar que aquele
ar que por ali circulava não fosse o mesmo respirado por Machado de Assis e
tantos outros seres pensantes do final do século XIX, que hoje enriquecem
minha bagagem literária.
A privilegiada viagem continuou
quando fomos assistir ao concerto de bateria dos bem preparados alunos do
professor Kim o qual, sensível, não poderia ter escolhido melhor local para
apresentar o talento de seus aprendizes. O Parque das Ruínas, em Santa Teresa. Minha filha e eu deixamos nosso João, um dos
alunos desse dedicado professor, no portão de entrada das ruínas para que ele
fizesse os últimos ensaios e fomos caminhar pelo morro. Novamente a sensação
clara de que não pisava o chão. A realidade teimava em fugir de debaixo dos
meus pés. A elegância da arquitetura das construções, as pedras rústicas que
revestem as ruas, a paisagem sem igual apreciada lá de cima fazem até o
depósito de sucata servir de moldura para o sonho. Mais ainda o ambiente do barzinho
onde bebemos um suco de graviola. No entanto, ao voltarmos para as ruínas é que
o grande impacto se deu. Caía a noite e as luzes do parque foram, aos poucos,
se acendendo. Sem explicação para tanta beleza, tanto da parte externa, quanto
do interior onde se deu o concerto. Parabéns ao meu neto e seus amigos pelo
talento e parabéns também para as mentes criativas que transformaram aquele
local. Tudo magnífico! Após o evento, já era noite e fomos a Copacabana para
jantar. Estava delicioso. Mas o que me chamou a atenção foi a ausência de
violência. Caminhávamos pelas ruas, à noite, com total segurança. Uma agradável
surpresa.
Em outro momento, numa manhã, estava na praia em companhia
dos meus, quando se aproximou um menino pedindo para guardar ali conosco o seu
chinelinho. Era quem eu considero um autêntico menino do Rio. Muito simples,
pele bem morena, uma bermuda Jeans que lhe caía constantemente dos quadris, uma
prancha toda descascada, entrou no mar para se divertir. Era uma criatura tão
doce e envolvente que deixou uma marca profunda em mim. É o Breno. Alguém que não
permite que as vicissitudes da vida o impeçam de ser feliz.
Por fim, asseguro que meus olhos não teriam visto como vi e
meu coração não teria sentido como senti se não fosse a sensibilidade de quem
me apresentou tudo isso. Minha amada filha Kassandra, que tem olhos e coração
de artista. Muito obrigada a ela, ao Joãozinho e ao Guilherme, meus anfitriões.
Detalhes diversos da visita ficaram de fora, mas não acho prudente me alongar
demais. Quem sabe, em outra ocasião...
que lindas palavras!!! te amo muito!!! queremos mais!!
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