sábado, 22 de maio de 2021

O Lobisomem

  

Em todos os lugares, sejam cidades grandes, cidades pequenas, vilas ou aldeias há sempre aquelas figuras folclóricas que se destacam por alguma característica exuberante. Conheço algumas de diversos lugares.

Em Joinville, há tempos, andava pela cidade, com a perna enrolada em faixas e ataduras, a simpática senhora que conversava com todos e a todos divertia, a Rosa do pé inchado. Era, por todos, assim conhecida.

Em Curitiba, há um homem de meia idade que se compraz em andar por toda a cidade, de bicicleta, usando uma sunga e o corpo coberto de óleo. Chamam-no Oil Man. Não tenho ideia do que o leva a agir assim. Todos o conhecem. Também em Curitiba, nas décadas de 1960 e 1970, vagava pelas ruas, na região da famosa Boca Maldita, a Gilda, um travesti alegre, estimado e respeitado por todos e era a diversão daqueles que por ali passavam.

Se formos pesquisar, encontraremos diversos desses personagens folclóricos em todos os lugares. Barra Velha não é diferente. Contarei aqui a história do senhor Antônio, um personagem da minha infância nessa localidade. Contava meu pai, que conviveu com ele na juventude de ambos, eram amigos até, que desde a juventude tinha uma personalidade, diríamos, rebelde. Tinha um espírito jocoso, dado a atitudes pouco convencionais. Serviu o exército no litoral de Santa Catarina, mas tornou-se um desertor por arriar a Bandeira do Brasil do mastro da unidade militar em que estava e, em seu lugar, hastear um saco de estopa. 

De outra feita, já morando em Barra Velha, quando trabalhava em uma padaria, tirou toda a roupa, passou uma substância oleosa por todo o corpo e, por cima passou cinza preta do forno da padaria. Assim caracterizado, todo pintado de preto e brilhante, foi até a casa da namorada, onde a família toda reunida na sala, rezava o terço com muita fé, em devoção à Maria de Nazaré. Qual não foi o assombro de todos os presentes quando irrompe pela janela aquela figura sinistra a pular por cima da mesa e por toda a casa. Imediatamente saiu pela porta do mesmo jeito que entrou. Aos pulos e berros. São essas algumas peripécias de seu Antônio na sua juventude.

O tempo passou e nosso personagem foi acometido de uma paralisia facial que o deixou com sequelas. A boca entortou e para tentar disfarçar o defeito deixou crescer a barba. Também passou a ter muita dificuldade de se fazer entender. Meu pai, que permaneceu um amigo fiel, o entendia e, sempre que precisava se comunicar com alguém, por algum motivo, vinha até minha casa para recorrer ao amigo. Nós, as crianças do lugar, tínhamos muito medo dele. Diziam que ele virava Lobisomem nas noites de lua cheia. E ele alimentava essa ideia para aterrorizar a criançada. Fico trêmula só de lembrar. Soube por uma vizinha dele que, depois do seu falecimento, foram encontrados livros de esoterismo e cultos nada recomendados para seres da luz, em sua casa. Também tomei conhecimento da existência de uma filha dele. Nunca soube que tivesse família.

Em uma tarde de julho, fria e chuvosa, dessas que formam um cenário perfeito para uma história de terror, eu estava sozinha na varanda, desalentada com a impossibilidade de fazer qualquer coisa, inclusive ir a algum lugar. Podia inclusive, dali, ouvir a fúria do mar com as ondas batendo com estrondo na areia, uma atrás da outra. A cada estrondo, tinha-se a impresso de que as ondas estavam mais perto. Afinal, uma tarde muito sinistra. Num certo momento, ouço um pocotó, pocotó, pocotó vindo da esquerda, descendo a colina onde ficava a pequena igreja, com portas abertas para o mar. Era uma rua estreita, de terra, muito úmida por conta do tempo chuvoso, e aquele cavalo vindo em direção a nossa casa. Tentem visualizar nas suas mentes o que vou lhes descrever neste momento. O cavaleiro. Tinha barba grisalha, a cabeça coberta por um chapéu de feltro enterrado na cabeça, um cordão que servia para fixá-lo lhe ia pendurado no peito. A copa do chapéu era alta e arredondada com abas um pouco mais largas do que o normal para um chapéu normal de um cavaleiro normal. Nunca o vi sem aquele chapéu. Nem sei se tinha cabelos. Trazia sobre si uma capa de lã rústica bem grossa de um cinza meio escuro. Era uma pelerine, pois não tinha mangas e era largo a ponto de cobrir cavalo e cavaleiro. Tinha apenas uma gola com três ou quatro botões na frente e uma abertura para passar as mãos. Era o seu Antônio!

Quando, naquele cenário de horror, visualizei aquela criatura bizarra, para dizer o mínimo, se aproximando, fiquei petrificada. Queria ter visto minha expressão facial de puro pavor naquele momento. Eu ali parada, sem conseguir me mover e o cavalo pocotó, pocotó na minha direção.

Ao passar pela frente da minha casa, seu Antônio puxou a rédea esquerda e o cavalo prontamente obedeceu parando com a cabeça por cima do portão, dentro do meu quintal. O cavaleiro apeou, veio até mim, com aquela capa batendo-lhe os pés. Pensei morrer. Ele me olhou fixo, provavelmente, no íntimo, a se divertir com meu escancarado pavor, e disse: grjljaolpwnh. Foi somente então que despertei do estado de pânico em que me encontrava e corri para dentro de casa, gritando:

Paaaaaiiii!

            

terça-feira, 11 de maio de 2021

A despedida da Lucinda

 

 

Eram três irmãs, Brandina, Francisca e Lucinda, a mais longeva. Havia também o Antônio Clemente, talvez o mais velho dos irmãos, a quem meu pai dava assistência nas horas de necessidade. Aliás, assistia aos quatro. Tinham traços típicos dos índios Guaranis. A cor da pele muito morena e os cabelos bem lisos. Não descarto a possibilidade de haver laços de parentesco com a família de meu pai. Muito me orgulho disso. Infelizmente não tínhamos muito contato, quase nenhum, por isso, praticamente nada sei sobre eles.

O Antônio Clemente foi autor de um gesto que ficará para sempre gravado em minha memória. Quando meu pai faleceu, o guardamento do corpo foi feito em casa, como era costume na época. Como era uma pessoa bem relacionada no lugar, a sala estava cheia de pessoas que vieram para dar seu último adeus a ele. De repente, irrompe na sala, visivelmente transtornado, o amigo Antônio. Chapéu desabado nas mãos, usava sua melhor roupa para se despedir de seu protetor. Dirigiu-se aos pés do caixão, ali se ajoelhou e, em copioso pranto pôs-se a fazer suas preces. Muita emoção causou esse seu gesto naquele momento. Muita emoção me causa registrar aqui, neste momento.

De tempos em tempos, sempre no momento em que estávamos à mesa almoçando, ouvíamos batidinhas muito suaves na porta lateral da cozinha. Quase em uníssono, dizíamos: “As meninas”, era como as chamávamos. Meu pai ia atender e, ao abrir a porta, lá estavam as três. Mãos entrelaçadas, esfregadas nervosamente umas nas outras, mostravam timidez e humildade extremas. Elas vinham, a pé, da Itajuba, um bairro não muito próximo, em casos de muita necessidade, em busca de alimento. Nem de longe lembravam aquelas pessoas que criam dependência e vivem da caridade de quem os possa ajudar. Ali em casa almoçavam e ao voltar para casa levavam as sacolas e os braços cheios de alimentos, que serviriam para alimentá-las por um bom tempo, levavam também algum dinheiro para gastos imprevistos. As três eram muito delicadas. Quase não se podia ouvir o que diziam. Muito doces.

Enfim, todos os irmãos partiram desta vida em circunstâncias, para mim desconhecidas, com exceção da Lucinda, que, sozinha, passou a morar com parentes próximos. Até o dia em que, decorrente de problemas naturais pela idade avançada, adoeceu e precisou ser hospitalizada. Morava em Barra Velha e foi internada em um hospital de Joinville. Por mais que esforços fossem envidados para que ela recuperasse a saúde, não resistiu e veio a falecer. O próprio hospital avisou a família e transportou o corpo para Barra Velha, deixando o caixão na casa dos parentes, com a recomendação expressa de que, em hipótese nenhuma, o caixão poderia ser aberto.

Os parentes, por sua vez, lutavam com dificuldades para sobreviver e, assustados, ficaram perdidos, sem saber o que fazer. Não tiveram dúvidas em recorrer à minha irmã Tute que sabiam morar ali perto. Assim fizeram. Esta também não reunia condições de sozinha tomar qualquer providência. Acionou imediatamente as irmãs mais novas. A Graça e eu. Meu cunhado, marido da Tute, tinha um carro grande, uma Caravan, mas não estava em casa e ela não sabia dirigir. Fui dirigindo e fomos as três rumo ao velório. Chovia havia dias e o terreno encontrava-se encharcado. Em decorrência disso, a frente da casinha simples transformara-se em um pequeno pântano preto, cor da terra na região. O acesso à casa, sem cair no lodo, era feito por cima de estreitas tábuas de madeira. Precisava ter um certo equilíbrio para evitar o desastre.

Contornadas as dificuldades, entramos na casinha. O diminutivo é literal, isto é, na sala mal cabia o caixão com o corpo da pobre Lucinda dentro. Esprememo-nos no que sobrava de espaço e por ali ficamos longo tempo, aproveitando para combinar com os parentes os detalhes do enterro. Assumimos o compromisso de estar lá no dia seguinte, na hora combinada, para conduzir o caixão até o cemitério. Havia um detalhe muito importante. Nenhuma de nós três tinha qualquer tipo de experiência com os protocolos de um enterro. Deixamos isso tudo para resolver na hora. A noite já ia avançada quando fomos para nossas casas.

Na manhã seguinte, conforme prometido, na hora combinada estávamos as três irmãs a postos para realizar o féretro. Fomos recebidas por um dos parentes que, aflito, contou-nos que um dos presentes não conseguira dominar a curiosidade e abrira o caixão! Tentaram impedir, alegando que poderia ser “doença pegadiça” (contagiosa) o que tinha levado a Lucinda à morte. Foram voto vencido. Qual não foi a surpresa! O corpo estava nu, embrulhado apenas em um pano branco. Deduz-se daí que a grande preocupação das pessoas do hospital que trouxeram o corpo e pediram veementemente para que o caixão não fosse aberto, tinha sua origem nas precárias condições em que se encontrava o corpo da pobre velhinha. Bastante revoltante mesmo.

Passada a revolta pelo acontecido, seguramos as alças do caixão para levá-lo até o carro do meu cunhado que funcionaria como carro fúnebre. As três irmãs, uma em cada alça e o parente João na quarta alça. E agora? Quem conhecia os protocolos de sepultamento? Ninguém! O que sai primeiro da casa? Os pés, ou a cabeça da falecida? Com o devido perdão da querida Lucinda, ali começou a parte hilária da história. Não lembro como resolvemos o impasse. Provavelmente saiu antes o que estava mais perto da porta porque não havia espaço suficiente na sala para virar o caixão, caso fosse necessário. Para chegar até o carro, precisaríamos passar com o caixão por aquelas tábuas estreitas, lembram? Lodo preto pelos lados? Pois é... tivemos que optar por escolher onde o terreno estava mais firme, então, revezávamos. Os que seguravam as alças do lado direito iam para o sacrifício na lama preta e os da esquerda ficavam em cima das tabuinhas e vice-versa. Ocorre que, a cada movimento de sobe e desce das tábuas, o corpo da Lucinda banlanlanlanlan rolava para lá e para cá dentro do caixão. Era inevitável. E o riso contido também. Todos sabemos que o choro até se pode conter, mas o riso...

Chegamos finalmente ao carro e seguimos para o cemitério. Lá chegados, cada um pegou a sua referida alça e, nesse momento, veio novamente o impasse para entrar no campo santo. Os pés ou a cabeça? Novamente minha memória me nega o detalhe da solução, mas provavelmente seguimos o primeiro conselho gritado por alguém. Entramos no cemitério e seguimos até o local onde havia sido aberta a cova. Na hora em que o caixão ia baixar à sepultura, pela última vez veio a dúvida: o que fica virado para a porta do cemitério. Os pés, ou a cabeça? Não faço a menor ideia. Todos sabem da dificuldade de segurar o riso, principalmente em momentos delicados e sérios. As três tivemos ataques de riso constrangedores. Ao final, todos estavam rindo conosco.

Confesso que fiz minhas preces, como faço até hoje, pela Lucinda e seus irmãos. Foi bem divertido na época, diversão essa provocada pela nossa ignorância em assuntos funerários. Sinceramente? Não sei ainda a que se dá prioridade nesses momentos. Aos pés, ou à cabeça? Um conhecimento de extrema importância que nunca se sabe quando vai precisar.     

 

 

domingo, 2 de maio de 2021

Abre-se mais um cantinho na memória... (parte V)


 

Cabe-me, neste momento, fazer uma importante menção aos canteiros de hortênsias que ladeavam a entrada da casa, tão cuidadosamente cultivados por minha mãe. Eram tão lindas essas hortênsias a ponto de hoje eu ter certeza de que elas floresciam o ano inteiro. Coisas da minha imaginação. Gosto muito dessa flor. Deve ser por causa dos canteiros da minha infância.

Estávamos entrando na cozinha, lembram? Era enorme! Ocupava toda a extensão da largura da casa e devia ter, por sua vez, de três a quatro metros de largura. Entrava-se pela porta da sala, que ficava mais à esquerda. Logo ali estava um grande fogão a lenha, onde minha mãe, ou a dona Isabel preparavam os quitutes. E que quitutes! E os gatos deitavam-se na beirada, nos dias frios de inverno. Ali minha mãe costumava colocar pequenos caixotes de sabão para nos sentarmos e nos aquecermos depois do banho. Nunca ninguém se queimou, felizmente.

Caminhando para a direita, havia de um lado a pia e do outro a máquina de costura da minha mãe. Havia também uma outra máquina de costura mais antiga, sem uso. Nessa brincávamos de carrinho no pedal ou eu treinava a costura, contornando as figuras das cabeças enormes das Garotas de O Cruzeiro. Mundlos era a marca dessa máquina. Minha mãe usava a Singer, ou Elgin mais nova e moderna.

Adiante estava a mesa bem grande onde todos nos acomodávamos para as refeições. Ninguém sentava à mesa antes de meu pai, como também ninguém se servia antes dele. Coisas de um patriarcado, em que o pai era um militar reformado. Para ocupar os lugares à mesa, havia hierarquia. O pai na cabeceira, a mãe ao lado direito do pai, depois vinham os irmãos mais velhos até chegar na caçula. Eu. Nunca me senti diminuída ou em desvantagem por causa disso. Era muito natural. Quando havia visita para alguma refeição, ocupava o lugar do irmão mais velho, à esquerda do pai.

Há uma passagem divertida sobre isso. Numa certa noite, meu pai recebeu a visita de um político na hora em que íamos jantar. E não tinha essa história de “vão comendo que eu já venho...” Ficamos esperando meu pai para nos sentarmos para jantar. A visita não ia embora e a fome nos castigava. Fizemos, então, aquela simpatia de colocar uma vassoura com as cerdas para cima e um garfo enfiado nessas cerdas. Dizia a lenda que essa prática fazia com que a visita fosse embora logo. Não deu certo dessa vez. E pior. Meu pai, como o deputado não fosse embora e a fome estivesse apertando seu estômago, sem alternativa, o convidou para jantar, convite que foi aceito imediatamente. E vieram os dois para a cozinha, sem ao menos dar tempo de tirarmos a vassoura. O deputado na frente, abriu a porta e a vassoura lhe caiu nos pés. Constrangimento total, sem poder dar risada, mas a vontade era tanta, que não vi como minha mãe disfarçou a situação embaraçosa. Se ele percebeu, foi elegante e não demonstrou nada. Essa história de simpatia... melhor não confiar.

Pela janela do lado esquerdo da mesa, podia-se visualizar os fundos do quintal e aquela citada aroeira que recebia os sabiás famintos e eram abatidos para serem servidos como canja no jantar. Esse procedimento era bastante esporádico, mas muito marcante para mim. Finalizando o espaço da cozinha havia uma janela que se abria para a ruazinha, hoje Rua Rio de Janeiro. Na lateral, havia a porta do nosso quarto azul e ao lado, a escada que levava ao sótão.

Ah, o sótão!... Era um espaço enorme em que, somente uma parte possuía assoalho. Sem janelas, nem claraboia, chegava a provocar um certo temor. Até porque, quando meus pais viajavam ou saíam para demorar mais, era bem lá que ficávamos com as meninas que vinham com sua mãe posar em nossa casa para nos fazer companhia. Elas dormiam ali no sótão e, depois do jantar, tinham início as narrativas de histórias de terror, na maioria fatos reais, segundo elas, com personagens do folclore brasileiro. Boitatá, Mula sem cabeça, Saci e Lobisomem, que vinham depois povoar nossos pesadelos. Mas durante o dia era palco das brincadeiras de boneca ou teatro.

Ali existiam, para mim, tesouros inimagináveis. Pilhas, maiores do que eu, de revistas. O Cruzeiro, Manchete, Fatos e Fotos e as Seleções do Reader’s Digest, para o meu pai. Era a sua outra comunicação com o mundo, depois do rádio. Para minha irmã mais velha, as proibitivas revistas de fotonovelas. Para meu irmão, os gibis e para mim e minha irmã, as historinhas em quadrinhos da Disney, Bolinha, Luluzinha, e todas as outras que meu pai encontrava na banca quando ia para Joinville. Trazia também livros para mim, revistas e aquarela para minha irmã, que gostava de pintar e meu irmão ganhava muito Ringo Kid, Roy Rogers e tantos outros. Eu lia tudo. Até as fotonovelas eu lia, escondido.

Meu pai tinha um rádio de cabeceira, bem grande, para ouvir as primeiras notícias do dia. Passado o noticiário, vinha a cantoria de música caipira. Lindas e apaixonadas letras entoadas em melodias não menos agradáveis. Tonico e Tinoco, Pena Branca e Xavantinho e vai por aí. Logo em seguida todos levantávamos para saborear o café da manhã e se podia, então, ouvir o Lori e o Amazor, filhos do compadre Bagrinho pescador (desculpem, não sei o nome dele) passar pela ruazinha cantando, a plenos pulmões, as mesmas músicas ouvidas minutos antes. Gostosa memória.

Fecha-se aqui a janela da minha memória, através da qual pude enxergar nitidamente e fazer relatos deliciosos do meu cantinho no mundo. Sei que me estendi e, por isso, me penitencio junto a meus leitores. Tenho ainda muitas histórias para contar e o farei.

Procuro evitar até onde posso as expressões do tipo “ no meu tempo...” Esse foi meu tempo. Driblei todas as dificuldades e tristezas. Elas aconteceram, mas as deixarei presas no passado, liberando apenas as alegrias.

Se meu tempo foi melhor, ou pior não sei dizer. Digo apenas que foi bem diferente. A imensa maioria das crianças da atualidade não se encaixaria nessa realidade que descrevi. Ganham em tecnologia e perdem em imaginação, criatividade e contato direto com a natureza. O que fica como conclusão final é que cada um, a sua maneira, é feliz com o que tem ao alcance de suas possibilidades.