Na minha família de origem somos seis irmãos. Desses, os
três primeiros constituem a primeira etapa. Duas mulheres e um homem, denominados
os três mais velhos. Houve então um intervalo de quatro anos, por conta de uma
complicada debilidade física de meu pai, uma doença grave que forçou a família
a vir morar na praia e que teve como consequência a necessidade de um longo
período de recuperação. Recuperado, voltou à carga na produção da prole e
viemos nós, os três pequenos. Um homem e duas mulheres, dos quais sou a última.
Minha irmã mais velha permaneceu em Joinville morando com a
avó Isabel. A segunda, a Suely, será a personagem principal desta história que
hoje escrevo. Ela, de vez em quando, dispara pérolas de suas lembranças, como a
conversa com a nossa avó Antonica, quando essa lhe revelou que a propriedade da
família Moura ia até onde hoje é mar e que a laje de pedras que se pode avistar,
no mar, longe da praia, nesse tempo ficava bem pertinho. Achei bem interessante
essa informação. Imagino que até haveria condições de brincar por lá. Muito bom!
E outras tantas lembranças que merecerão um texto só para elas.
Neste momento quero me reportar a uma revelação feita sem
intenção de provocar nenhum sentimento mais intenso, mas me leva às lágrimas
toda vez que me vem ao consciente.
Contou a Suely: Entrava o ano de 1950 e minha mãe se via
envolvida com os preparativos para a chegada do seu sexto bebê. Paralelo a
isso, a Tute, como carinhosamente chamamos a Suely, enfrentava problemas de
saúde frequentes no tempo em que estudava no grupo escolar em Barra Velha, a
ponto de a professora d. Belinha, que provavelmente enxergava muito mais do que
seus olhos lhe mostravam, aconselhou meus pais a tirarem-na da escola. Para não
ficar sem estudos, lá foi ela estudar em Joinville, no colégio Conselheiro
Mafra, morando com a avó Isabel. Tanto d. Belinha tinha razão que minha irmã
sempre se destacou nos estudos por lá. Prêmios e homenagens durante todo o ano.
Chegou o final do ano letivo. Tute foi sagrada a melhor
aluna de todo o colégio. Haveria uma festa no dia seguinte para entrega de
prêmios aos destaques do ano e ela receberia dois prêmios, mas não pode
comparecer. A avó Isabel foi quem a representou e recebeu os prêmios. Meu pai
chegara de Barra Velha com a missão de levá-la de volta para casa, pois minha mãe, cheia
de afazeres com costuras que fazia para ajudar no orçamento da casa, precisava
dela para ajudar com os três menores. E a Tute passou a ser a nossa IRMÃE.
Nunca vou conseguir vestir com palavras a imensa gratidão
que tenho por essa criatura tão especial. Se não tivesse vindo mais um bebê,
minha irmã teria dado continuidade aos seus estudos tão promissores. Esse bebê empecilho
sou eu.
Aquela que passou por momentos de Gata Borralheira e Polyana,
aos oitenta anos, a mais longeva da família, aí está a zelar pelo marido,
filhas, netos e bisneta.
Minha alma não teria paz enquanto eu não registrasse o meu
mais profundo agradecimento para essa criatura tão especial.
MUITO OBRIGADA, MINHA IRMÃE!
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