Sou uma ledora voraz e compulsiva. Muito mais nesta fase da
vida em que o tempo passa indolente, como indolente é o lugar que elegi para
viver a segunda parte da minha vida: minha terra, aqui onde está enterrado o
meu umbigo.
Hoje posso selecionar as minhas leituras. Até então elas
eram relacionadas com meu trabalho. Eu dava aulas de Língua Portuguesa para
adolescentes. Não que nessa época minhas leituras tivessem menor qualidade,
longe disso, apenas envolvia um universo diferente do meu. Hoje tenho lido
obras que, certamente, não atrairiam a atenção da maioria dos meus alunos.
Lindos... saudades!...
Pois bem. Levei quase três anos procurando esse livro sobre
o qual vou escrever, uma indicação de minha filha Kassandra, que, por sua vez o
leu por orientação de sua professora de História da Arte. Precisei encomendá-lo numa livraria e quando
chegou minha irmã o comprou e me deu de presente de aniversário. Que presente!
É O incêndio de Troia, da Marion
Bradley, a mesma autora de Brumas de
Avalon. Ele conta a história da guerra de Troia sob o ponto de vista da irmã gêmea de Páris, a Kassandra.
...
Na minha juventude eu namorava um belo rapaz. Apaixonados,
casamo-nos e logo veio a nossa primeira filha. Um anjo lindo de cabelos
dourados e olhos claros. E veio o impasse: como iria se chamar nossa jóia preciosa?
Depois de pensar e pensar e pensar, conseguimos chegar a dois nomes. Alessandra
ou kassandra. Prevaleceu o último, assim mesmo, com K.
...
Príamo e Hécuba, reis de Troia, já tinham um casal de filhos
quando a rainha ficou grávida de gêmeos. Um casal também. Nascidos, o rei
determinou que se chamassem Alexandre e Alexandra. Hécu ba, no entanto, deu à
menina o nome de Kassandra, assim, com K. Segundo relato da própria autora na obra, o nome deve
ser grafado dessa maneira. Leitura interessante. Recomendo.
...
A minha princesinha nasceu há mais de quarenta anos e nessa
época eu nem imaginava existir essa versão da história de Troia. O nome de
minha filha surgiu sem mais nem por quê e eu queria ter uma filha que se
chamasse assim. Aos quatro anos, essa minha princesa foi embora para o lindo
lugar de onde veio, deixando-me uma saudade enorme e sem fim.
Hoje tenho uma Kassandra, nascida sete anos após aquela primogênita.
Esta tem vários traços de sua personalidade semelhantes ao da personagem da
ficção.
Veja você, caro leitor, ao procurar exaustivamente o livro,
não tinha ideia do seu conteúdo. Dizem os entendidos que coincidências não
existem.
Concordo.
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