Era aquela
uma família influente na cidade, comerciantes estabelecidos e muito
respeitados. Pai, mãe, filhos, todos bonitos e saudáveis, com destaque para a
esposa, uma mulher lindíssima.
O marido, um
homem de boa aparência, companhia divertida e agradável. Sempre que se reunia
com os amigos, suas histórias rendiam gostosas gargalhadas.
Eram relatos
nada ortodoxos de suas experiências e aventuras de toda espécie. Formavam um
grupo de três ou quatro companheiros fieis e inseparáveis. Personagens
infalíveis de todas as narrativas. Qualquer história banal tornava-se
hilariante quando contada por ele. Era uma unanimidade no lugar.
Com o tempo,
tornara-se um marido ausente por conta dos compromissos políticos. A família,
mesmo preferindo tê-lo presente em casa, procurava tocar a vida. Os filhos se
esmerando nos estudos e a esposa a cuidar do comércio.
Um dia
descobriu-se acometido de grave doença, relativamente jovem ainda e não
resistiu. A cidade chorou a perda de seu filho ilustre. A família mandou
construir, no cemitério, um imponente mausoléu em mármore branco. E lá ficou
ele esquecido.
Passado algum
tempo, conta-se que uma de suas irmãs, já viúva, procurou um Centro Espírita na
esperança de receber notícias de seu falecido, mas quem se comunicou foi seu
irmão. Apressou-se em visitar a cunhada para transmitir o recado do marido
falecido. Ele queixava-se de abandono da família, ninguém o visitava em seu
túmulo.
A mãe e uma
das filhas munidas vassouras, panos, velas e flores, mais que depressa foram ao
cemitério fazer a reclamada visita. E reza que reza e limpa que limpa,
acenderam todas as velas, arrumaram todas as flores. Ao final, cansadas,
sentaram-se na soleira da porta do mausoléu a conversar. A filha:
- É, mãe... o pai queixa-se de que não o visitamos, mas
enquanto vivo ele nos deixou tanto tempo sozinhos...
Nesse
instante, ouviram pancadas vindas de dentro do túmulo. TUM! TUM! TUM! As duas
puseram-se a correr, deixando panos e vassouras pelo caminho, só parando quando
se viram em segurança dentro de casa.
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